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Fique esperto, fique seguro

ARTIGOS 09 de abril de 2025
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Em seu discurso de despedida na Casa Branca em 15 de janeiro, o então presidente dos EUA, Joe Biden, referiu-se ao memorável discurso de 1961 do ex-presidente americano Dwight Eisenhower, no qual alertou o povo dos Estados Unidos sobre os perigos de o complexo militar-industrial assumir um poder enorme. Eisenhower havia declarado: "Nos conselhos de governo, devemos nos precaver contra a aquisição de influência injustificada, seja ela buscada ou não, pelo complexo militar-industrial. O potencial para a ascensão desastrosa de poder equivocado existe e persistirá."

A referência a Eisenhower não estava fora de lugar. Biden mencionou o poder desproporcional atualmente detido pelos proprietários de grandes empresas de tecnologia, como Google, X, Amazon, Microsoft, Meta e Apple, entre outras. Em 15 de janeiro, Biden disse: "... seis décadas depois, estou igualmente preocupado com o potencial surgimento de um complexo tecnológico-industrial que pode representar perigos reais para o nosso país também. Os americanos estão sendo soterrados por uma avalanche de desinformação e informações falsas, permitindo o abuso de poder... A verdade é sufocada por mentiras contadas em busca de poder e lucro... Enquanto isso, a inteligência artificial é a tecnologia mais importante do nosso tempo — talvez de todos os tempos. Nada oferece possibilidades e riscos mais profundos para a nossa economia e a nossa segurança, a nossa sociedade, a nossa própria — para a humanidade... Devemos garantir que a IA seja segura, confiável e benéfica para toda a humanidade."

É essencial mencionar que, apesar de todos os alertas, o poder político dos EUA continua sendo dominado por bilionários. Em relação ao complexo militar-industrial, dezenas de think tanks têm feito lobby ideologicamente a favor dos produtores de armas, criando ameaças artificiais para levar o país à guerra, como as do Afeganistão ou do Iraque. Eles procuram justificar um orçamento de defesa próximo a US$ 1 trilhão, o que alimenta a ganância da indústria de armas.

As grandes empresas de tecnologia adotam o mesmo "modus operandi", criando uma extensa rede de think tanks que defendem seus interesses contra regulamentações justas da sociedade. Em nome da "liberdade de expressão", eles ganham muito dinheiro tentando envolver as pessoas por meio de notícias falsas. As grandes empresas de tecnologia são cúmplices de ataques políticos em várias partes do mundo, participando de guerras híbridas e revoluções coloridas contra os inimigos do país que as hospeda.

É uma pena que Biden tenha mencionado o poder das grandes empresas de tecnologia nos últimos dias de seu mandato. Durante os quatro anos em que foi presidente, ele fez muito para apoiar os gigantes da tecnologia nos EUA, protegendo-os da concorrência global e criando políticas industriais e tecnológicas, como o CHIPS and Science Act e o Inflation Reduction Act, que estão concedendo bilhões de dólares em subsídios ao setor. O governo Biden também impôs medidas protecionistas ao negar acesso a semicondutores avançados à China, impondo uma tarifa de 100% sobre veículos elétricos produzidos por empresas chinesas e até mesmo suprimindo o aplicativo TikTok nos EUA.

Nos dias 10 e 11 de fevereiro, líderes governamentais, empresas, pesquisadores e organizações da sociedade civil participaram do AI Action Summit em Paris para traçar diretrizes para o desenvolvimento da IA ​​internacionalmente. O documento final listou alguns princípios não vinculativos, como promover a acessibilidade da IA ​​para reduzir as desigualdades digitais; garantir que a IA seja aberta, inclusiva, transparente, ética, segura, protegida e confiável, levando em consideração as estruturas internacionais para todos; e reforçar a cooperação internacional para promover a coordenação na governança internacional, entre outros. O documento foi apoiado por 60 signatários, incluindo França, China, Índia, Brasil, Japão, União Africana e Canadá. Infelizmente, como o apoio do governo dos EUA às Big Tech é uma questão bipartidária, os delegados dos EUA se recusaram a apoiar a declaração final.

Como podemos ver, os princípios orientadores são neutros e não buscam prejudicar nenhuma empresa ou país específico. Eles visam defender os parâmetros para que o desenvolvimento da IA ​​não se volte contra os indivíduos e a sociedade. Além disso, o documento pressupõe a criação de um nível mínimo de governança para incentivar a cooperação e regular os padrões de desenvolvimento dessa tecnologia disruptiva.

Durante a conferência, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, alertou contra a abordagem regulatória da UE, afirmando que "a regulamentação excessiva do setor de IA poderia matar uma indústria transformadora". Os EUA e o Reino Unido se recusaram a assinar uma declaração global de segurança de IA na cúpula. No entanto, por trás da defesa da liberdade de criação está a manutenção do status quo que beneficia as empresas americanas, especialmente o interesse das Big Techs em manter seu poder e lucros excessivos.

Dados os enormes problemas que a humanidade enfrenta e as imensas possibilidades de aplicação da IA, essa tecnologia disruptiva não pode ser objeto de ações egoístas que buscam estender a hegemonia dos EUA a um mundo cada vez mais multilateral. Ninguém pode tapar o sol com uma peneira. A cooperação internacional é sempre o melhor caminho a seguir.

O autor é professor de economia política internacional na Universidade Estadual Paulista, no Brasil. O autor contribuiu com este artigo para o China Watch, um think tank patrocinado pelo China Daily. As opiniões não refletem necessariamente as do China Daily.

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